segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

História de amor

Por João TRINDADE

ImageEles entraram em minha vida, em 2009. Na sala, muitas luzes; uma sala imensa. Como sempre, muito rosto jovem, num novo início de período letivo.

Eu estava passando por momentos difíceis: forças ocultas (não tão ocultas assim!) tentavam obstaculizar minha carreira; gente poderosa, urdindo tramas, colocando armadilhas, num momento de fraqueza espiritual minha.

Terminada a primeira aula, recebi congratulações de toda a turma, mas principalmente de três garotas e dois rapazes, que me parabenizaram pela aula (graças a Deus, são frequentes esses momentos em minhas aulas); duas dessas pessoas, em especial, continuaram mantendo contato comigo, construindo uma amizade sólida; citá-las-ei ao final.

Sempre foi uma turma diferente. Alegre, comunicativa, amiga dos professores. Fez-se tão amiga minha que, ao final do semestre, procurou a reitoria para que eu continuasse com eles no próximo, com a disciplina Introdução ao Direito II. Em geral, leciono as duas disciplinas, mas em turmas diversas. Fizeram uma carta, que foi entregue, diretamente, ao coordenador do curso, Dr. Oswaldo Trigueiro do Valle; figura a quem admiro e sempre me deu apoio, ao longo da minha carreira: nos bons e maus momentos.

De modo que passei mais um semestre com eles.

Era uma turma diferente. Tanto que, quando eu os admoestava – ou logravam nota baixa – não reclamavam; admitiam a deficiência e iam em frente.

Não deu outra: ao final do último semestre, na despedida desabafei com eles como a um verdadeiro amigo; como a uma pessoa de total confiança; como o fiz com os filhos e esposa. Choramos e rimos muito na despedida; cantei com eles e, naquele momento, usei uns versos de Caetano Veloso, que sempre gosto de citar: “Eu não estou indo embora/ estou só preparando a hora de voltar”.

Assim se passaram cinco anos...

Hoje (mais exatamente dia 05 passado) convidam-me para a aula da saudade, dizendo que tinham uma surpresa. Fui, tendo certeza de que seria uma surpresa boa, mas não tão grande quanto a que recebi.

Refiro-me à turma M do curso de Direito do Unipê (noite) que colou grau agora em 2013/ 2.

Pois é... Até nisso, inéditos. Escolheram um professor de Introdução ao Direito para nome da turma. Geralmente, o professor de Introdução é esquecido nas homenagens de conclusão; o que é compreensível; até mesmo pela distância temporal.

Descerro, então, a placa, com emoção e orgulho. Está lá: Turma João Trindade Cavalcante. E, como se não bastasse, ao lado, gravado para sempre, junto com meu nome e o deles, um soneto que lhes dediquei (transcreverei, ao final) no início segundo semestre com a turma.

É, portanto, com uma emoção desmedida e duradoura que agradeço, publicamente, a lembrança desses garotos, que foram meninos na aula da saudade, mas são gente grande – e muito grande! – na vida. Em especial a Franklin de Macedo Jr., mentor do documento e do movimento para que eu permanecesse na turma, naquela longínqua data, e, sobretudo, a Renata Diniz, um anjo em forma de criatura, que articulou e lutou bravamente para que o meu nome fosse homenageado. Destaco os dois, como metonímia da turma; sem esquecer, no entanto, o carinho de todos os demais: carinho manifestado naquele longínquo dia de 2009 e, com ainda mais calor, dia 05 de janeiro último, no momento da aula da saudade. Para mim, saudade eterna; saudade com gosto de eterna presença!

Soneto à turma M - Professor TRINDADE

Quando se quer educar
Além de também ensinar
Não há quem destrua ou impeça
Essa maneira de amar...

Estivemos, semestre passado,
Na sala de aula, ou não,
Em perfeita consonância
Numa fremente emoção.

A empatia que reinou
Nessa confabulação
Na permanência resultou:

Eis-me aqui a dizer
É um prazer reviver
As aulas de Introdução.
DA GAVETA...
Qual é o correto:
 
Vou levantar ou vou me levantar?
 
Na verdade, as duas construções estão corretas. É o caso de “acordar” e “me acordar”. Na verdade, o pronome aí (atenção concursandos: já “caiu” questão em concurso cobrando isso!) não funciona como objeto: é o que os antigos gramáticos chamavam de pronome fossilizado.

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