O shopping, o Lar Center (shopping de móveis do mesmo grupo comercial) e hipermercado Carrefour --que aluga parte do terreno-- foram construídos sobre um antigo lixão, onde há atualmente altas concentrações do gás inflamável metano. Para a Cetesb, há risco de explosões.
Os manifestantes pedem que todos os funcionários do shopping --6.000, segundo o sindicato-- sejam transferidos para filiais das respectivas lojas em outros locais durante o fechamento do shopping. Caso não haja vagas ou outras lojas, o sindicato exige que os trabalhadores tenham as férias pagas ou recebam algum tipo de benefício.
Outra reinvindicação é que o shopping reabra até o período de vendas do final de ano, quando, segundo o sindicato, os vendedores que recebem comissão pelas vendas chegam a ganhar até três vezes mais.
Os vendedores também são a favor do cumprimento das medidas de segurança recomendadas pela Cetesb. O sindicato vai realizar uma assembleia para definir as reinvindicações na sexta-feira (30), com horário ainda não confirmado.
Vendedores que trabalham nas lojas do shopping afirmam que, no período de uma semana, as vendas caíram pela metade. O motivo é a insegurança quanto à presença de gás metano na área.
O shopping é um dos maiores da cidade --cerca de 100 mil pessoas passam diariamente pelo local. O fechamento foi determinado por tempo indeterminado, até que o estabelecimento comprove o cumprimento de todas as exigências ambientais.
O shopping informou ontem, por meio de nota, que tomará medidas "legais e administrativas" para evitar a interdição. Afirmou ainda que tem tomado todas as medidas a fim de garantir a segurança dos frequentadores.
| Luiz Carlos Murauskas/Folhapress | |
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O Sindicato dos Comerciários de São Paulo realizou ato em frente ao Shopping Center Norte pedindo que os empregos sejam preservados em caso de fechamento do shopping |
INSEGURANÇA
O Center Norte foi multado em R$ 2 milhões pela prefeitura. Os técnicos da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente também determinaram a suspensão das atividades do shopping, dos estacionamentos, e das lojas Carrefour e Lar Center, que funcionam no mesmo complexo. O motivo da multa e da suspensão é o não atendimento às exigências feitas pela Cetesb que
multou o estabelecimento na semana passada por não ter instalado um sistema de extração de gases.
Na inspeção desta terça-feira (27), o Center Norte também foi intimado a atender medidas previstas na legislação municipal: manter o piso de 30% da área dos estacionamentos permeável e que haja uma árvore para cada 40m² de estacionamento.
Na nota divulgada o shopping diz que o gás metano identificado está localizado abaixo do piso do empreendimento, sob a camada de concreto, onde, segundo o estabelecimento, as condições para que ocorra uma explosão são nulas.
| Editoria de Arte/Folhapress | |
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"O shopping Center Norte assegura que a normalidade de suas atividades não coloca em risco a segurança e a saúde de seus lojistas, funcionários, clientes e fornecedores, razão pela qual não concorda com a decisão do órgão público".
O estabelecimento, que tem 331 lojas e estacionamento com capacidade para 7.000 vagas, afirma em seu site ser "o shopping de São Paulo que apresenta o maior volume de vendas por m² entre todos os empreendimentos da cidade". Cerca de 100 mil pessoas passam diariamente pelo local.
A Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) informou hoje que recomendou cautela aos lojistas antes de se tomar qualquer providência "mais drástica".
CONTAMINAÇÃO
O shopping, construído em 1984 sobre um antigo lixão, sofre com a decomposição de material orgânico do subsolo, o que tem jogado gás metano, em níveis perigosos, para o interior de algumas lojas, segundo relatórios da Cetesb.
No último dia 16, a companhia
colocou todo o terreno do Center Norte na sua lista de áreas contaminadas críticas e disse que havia risco de explosão.
A Cetesb também determinou multa diária de
R$ 17.450 ao shopping, válida por um mês. A punição deve persistir enquanto o shopping não cumprir as medidas exigidas pelo órgão.
Segundo o Center Norte, um sistema para extração do gás opera há 40 dias e outros oito sistemas similares estão sendo instalados em pontos estratégicos.
Na sexta-feira (23), o shopping chegou a divulgar que, em visita ao estabelecimento, técnicos da Cetesb fizeram medição do metano "em locais estratégicos" e constataram que não havia presença do gás.
Mas a companhia
desmentiu o estabelecimento e confirmou o risco de explosão caso o gás fique confinado em ambientes fechados.